W 3


Acho que foi na W3
Muita gente na esquina
Poeira seca, neblina
Carros, ônibus, bicicletas, carroças...
Fiquei tonto ouvindo o silêncio
latente e sutil dos presentes
Um estendia a mão
Outro me arremessava da rua
O mundo na contramão
Eu desviando, flutuava pela calçada.

À sombra das marquises
Camelôs camuflados
Sobrevivendo relaxados
Aos transeuntes angustiados
Que me olhavam e não me viam
Eu também já não me percebia
Transparente por um dos lados
Nem ouvia nem ficava calado
Falando de modo cifrado
da lógica do palavreado
enredei por alguma quadra
numa estrofe da canção
que cantava o inesperado
e a intuição
parei, perguntei a um guarda
um rumo na informação
ele me olhando aturdido
flutuando a um palmo do chão
“será ele um bandido”
todo iludido com o dedo da mão
“o senhor não pode voar”
é proibido, melhor aterrissar”
senti o diálogo desentendido
e perguntei ao meu umbigo
porque isso sempre acontece comigo?









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